MEC lança campanha de astrologia para alunos na internet, mas deleta posts logo depois de críticas de leitores de que tal campanha nasceu da influência de Olavo de Carvalho, que tem histórico de astrólogo, no ministro da Educação
Julio Severo
O Ministério
da Educação (MEC) deletou de sua conta oficial no Twitter posts de uma campanha
de astrologia que mostrava quem é “o estudante de cada signo,” publicados em 14
de julho de 2019.
Nas 12
imagens, uma para cada signo, o MEC tentou criar uma relação entre o perfil do aluno
e as características traçadas a partir da interpretação do zodíaco. Contudo, a
repercussão da campanha de astrologia na internet enfrentou críticas de
internautas sobre a razão do MEC de apresentar de forma tão favorável a astrologia,
que baseia a leitura do presente e do futuro pela observação dos astros no
espaço sideral. As imagens polêmicas foram apagadas um dia depois.
Além de unir
horóscopo aos estudos, o MEC incentivou os estudantes a envolverem outros alunos
em sua campanha de astrologia. Num dos posts sobre o signo de Aquário, o MEC
perguntou: “Quem é você no horóscopo do estudo? Aproveite e marque seus amigos!”
Para o signo de
Virgem, o MEC disse que os “astros da educação” indicam uma personalidade
voltada para a organização, com estudos planejados de acordo com os dias da
semana.
A campanha de
astrologia do MEC foi criticada por diferentes internautas que a associaram a Olavo
de Carvalho, considerado o
Rasputin do Presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da educação Abraham
Weintraub, que é adepto de Olavo. Algumas das
críticas:
“É
capaz dessa bobagem cair no Enem.”
“Estudo
tem horóscopo? Acho que isso é coisa butada pelo horóscopologo que mora nos
EUA. Uma pena o ministério da educação ter feito essa opção.”
“Que
lixo é este? Aquele charlatão quer tornar nossas crianças e estudantes em
ocultistas? @PastorMalafaia é este governo que a bancada evangélica esta dando
apoio?”
“Parem
com essa pseudociência, valorizem a ciência nacional.”
“Astrologia
e signos são a total negação da ciência. Então, acho totalmente incoerente o
Ministério da Educação publicar algo relacionado a isso.”
Embora Olavo
de Carvalho negue envolvimento hoje com astrologia e muitas vezes esconda seu
passado e livros sobre astrologia, tudo o que ele toca se torna astrológico.
O Ministério
da Educação, que ineditamente promoveu essa escandalosa campanha de astrologia,
é dirigido “coincidentemente” por um adepto de Carvalho.
Em 2017, houve
o caso igualmente escandaloso de uma
professora evangélica que, sem o consentimento e conhecimento dos pais, dava
doutrinação astrológica aos alunos, ensinando-os a fazer mapas astrais. Normalmente,
nenhum evangélico se envolve com astrologia, muito menos para impô-la em alunos
contra a vontade dos pais. Mas a professora em questão, Ana Caroline Campagnolo,
é adepta de Carvalho.
Além de negar
ou esconder suas questões astrológicas, outro subterfúgio que Carvalho usa para
desconversar suas conexões astrológicas é acusar os outros do que ele faz. Mais
cedo neste ano, ao ser chamado de astrólogo por Silas Malafaia, o maior televangelista
do Brasil, Carvalho rebateu dizendo que Lutero e seu assistente Philip
Melanchthon criam muito mais em astrologia do que ele crê.
Foi uma evasiva
estratégica, facilmente refutada por mim neste artigo: “Olavo
de Carvalho acusa que Philip Melanchthon era astrólogo maior que ele.”
Entretanto,
ele negando ou não, os frutos sempre aparecem através dos próprios alunos dele,
seja uma professora em sala de aula ou um ministro da Educação.
Apesar da
influência ocultista de Carvalho, o Presidente
Jair Bolsonaro, um católico sincrético que foi eleito majoritariamente por
evangélicos, tem insistido em nomear para seu governo indivíduos fortemente
influenciados por Carvalho. Ele já fez isso com o Ministério
da Educação, nomeando cegamente um olavista anti-Trump, que acabou sendo substituído
pelo atual ministro que lançou a campanha de astrologia. E ele fez isso com
o Ministério
das Relações Exteriores, nomeando um adepto de Olavo, de René Guénon e de Julius
Evola, cujos escritos em defesa da direita e da bruxaria ajudaram o nazismo e o
fascismo.
Com
informações do próprio MEC e de O Globo.
Versão em inglês deste artigo: Brazil’s
Ministry of Education launches astrology campaign for students on the internet,
but it deletes posts shortly after criticism from readers that such a campaign
was born of the influence of Olavo de Carvalho, who has a history of
astrologer, on the Minister of Education
Fonte: www.juliosevero.com
Leitura
recomendada:
Os
tentáculos da doutrinação ideológica de Olavo de Carvalho sobre 57 milhões de
crianças e jovens nas escolas do Brasil
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