08 março, 2019

Um agente secreto da Inquisição no Ministério da Educação do Brasil?


Um agente secreto da Inquisição no Ministério da Educação do Brasil?

Julio Severo
Uma revelação um tanto misteriosa mostrou que um defensor da Inquisição está trabalhando dentro do Ministério da Educação do Brasil.
Em um tuíte de 6 de março de 2019, um usuário disse:
“O livro do prof. Ricardo da Costa, agora a serviço do governo do presidente @jairbolsonaro no INEP, precisa da contribuição de todos para ser publicado! Visões da Idade Média, com artigo inédito sobre a Inquisição e outros mais.”
O próprio Ricardo da Costa confirmou a mensagem compartilhando-a.
A presença de Costa no INEP, que é uma divisão do Ministério da Educação do Brasil, é uma contradição total da suposta missão do presidente Jair Bolsonaro, que prometeu remover a doutrinação ideológica do governo brasileiro, especialmente de sua educação.
Enquanto a missão do Ministério da Educação é educar, a missão de Costa tem sido “educar” as pessoas sobre os alegados benefícios da Inquisição. Ao mesmo tempo em que Costa está trabalhando nesse ministério, ele está lançando seu livro sobre a Inquisição. Ele é um ideólogo da Inquisição.
No Facebook, Costa participou do “Grupo de Estudo sobre a Inquisição com Prof. Ricardo da Costa.” Além de defender a Inquisição em artigos de internet, Costa é autor do prefácio do livro “A Verdadeira História da Inquisição,” que visa reabilitar a imagem dessa máquina assassina.
Em entrevista ao Terça Livre, canal de internet de adeptos do astrólogo Olavo de Carvalho, ele explicou que a Inquisição deu origem ao sistema jurídico processual e que antes desse tribunal os julgamentos eram sumários.
Tal informação pareceria interessante para pessoas que não têm conhecimento de história, mas muitos séculos antes da Inquisição, o Apóstolo Paulo foi julgado por tribunais romanos e seu processo levou anos. Não houve julgamento ou execução sumária. Paulo teve muito tempo para pregar o Evangelho enquanto seu processo estava em andamento. Então a informação de Costa é uma mentira descarada.
Além disso, Paulo teria preferido morrer por Jesus a matar por Jesus. Essencialmente, a Inquisição matava usando o nome de Jesus para o mal, para proteger os interesses religiosos, políticos e financeiros da Igreja Católica.
Costa não tem nenhum apoio do Apóstolo Paulo e do Novo Testamento para defender a Inquisição.
Os judeus, que eram as principais vítimas da Inquisição, não concordariam com Costa. Os evangélicos, que também eram vítimas, concordariam com os judeus.
A Inquisição também operou no Brasil torturando e matando judeus. A Inquisição só foi parada no Brasil por pressão da Inglaterra, no início do século XIX, que não queria que seus autoridades e marinheiros em viagem fossem executados por serem evangélicos.
Com a eleição de Jair Bolsonaro, havia a esperança de que o Ministério da Educação pudesse, finalmente, incluir oficialmente na história brasileira a perseguição aos judeus sob a Inquisição. É um fato indiscutível que a Inquisição torturou e matou judeus brasileiros.
É um fato indiscutível também que Jair Bolsonaro foi eleito especialmente por evangélicos, que são tão favoráveis aos judeus que querem que Bolsonaro mude a embaixada brasileira para Jerusalém. E houve gratidão — da parte de Israel. Em sua primeira viagem ao Brasil para estar na posse de Bolsonaro, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que os evangélicos são os melhores amigos de Israel.
Em sua campanha, Bolsonaro realmente disse que a mudança da embaixada era fundamental, mas agora com a presidência firmemente em seu poder, ele fez comentários sugerindo que tal mudança não é tão importante.
O voto evangélico foi importante ou não para ele? Era tão importante que, em 2016, enquanto líderes evangélicos estavam fazendo o impeachment da presidente socialista Dilma Rousseff, Bolsonaro, que é nominalmente católico, estava em Israel sendo batizado por um pastor pentecostal no rio Jordão. Apesar das aparências brilhantes, ele não se converteu ao evangelicalismo ou ao pentecostalismo. Seu batismo foi apenas uma manobra política para atrair evangélicos. Funcionou.
Entretanto, hoje os cargos de mais alto nível no governo dele estão nas mãos não de evangélicos que o apoiaram. Estão nas mãos de adeptos de Carvalho, que, embora seja um imigrante autoexilado nos EUA, é o mais proeminente defensor da Inquisição no Brasil.
Os evangélicos foram traídos pelo oportunismo político.
Certamente, o atual Ministério da Educação tem feito esforços para remover o marxismo. Esse é um bom objetivo. No entanto, o novo ministro, Ricardo Velez, é conhecido não só como adepto de Carvalho e inimigo do marxismo, mas também como hostil a Trump. Você pode ver este artigo: Novo ministro da Educação: hostil ao socialismo e Trump, amistoso com Bolsonaro e Hillary
A boa notícia é que, finalmente, o Ministério da Educação do Brasil está permitindo a educação escolar em casa, mas os indivíduos indicados para tomar conta de sua administração também são adeptos de Carvalho, e todos eles têm poucos anos de experiência com a educação escolar em casa. E todos eles acreditam e proclamam que a Inquisição promoveu direitos humanos e não torturou e matou judeus e protestantes.
Tenho lutado em defesa do homeschooling (educação escolar em casa) no Brasil há mais de 20 anos e minha luta tem sido publicada no Brasil e outras nações. Aliás, publiquei o primeiro livro de educação escolar em casa no Brasil, “De Volta Ao Lar,” de Mary Pride.
Rinaldo Belisário, pastor batista e especialista em educação, tem mais de 25 anos de experiência com a educação escolar em casa e até tem um currículo de educação escolar em casa. Contudo, Bolsonaro, que foi eleito pelos evangélicos, rejeitou evangélicos com larga e velha experiência na educação escolar em casa e indicou defensores da Inquisição com muita militância ideológica, mas com pouca experiência em educação escolar em casa.
Tenho lutado contra o marxismo no Brasil por décadas, especialmente por causa de sua oposição à educação escolar em casa. Mas misturar a educação escolar em casa com a defesa da Inquisição é a nazificação de uma boa ideia. Eu uso o termo nazista porque tanto o nazismo quanto a Inquisição estavam engajados em perseguir, torturar e matar os judeus.
Não nos deixemos enganar: o nazismo também lutava contra o marxismo, e a maioria dos judeus que Hitler matou era marxista. Mas o antimarxismo do nazismo era de natureza ocultista. O antimarxismo de Carvalho também é de natureza ocultista.
Lutei tanto contra o marxismo que ocupava um trono no Ministério da Educação para vê-lo agora sendo ocupado por revisionistas da Inquisição que abraçam um ocultismo antimarxista?
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