31 janeiro, 2006

O Estado educa

O Estado educa
por Norma Braga em 24 de janeiro de 2006

Resumo: Pais ou aspirantes a pais, entendam de uma vez por todas o que nos está sendo dito por trás das leis: o Estado educa. À força.

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Bater nos filhos: o que você acha disso? Reconhece o valor corretivo dos tapas que recebeu quando criança ou se ressente deles? Julga educativa uma palmadinha quando nada mais estiver funcionando ou se nega terminantemente a aplicar castigos físicos em seus pimpolhos? Bom, dentro de pouco tempo, suas convicções não valerão de nada. Absolutamente nada, pois o Estado está prestes a decidir por você: corre no Senado a lei que proíbe aos pais qualquer forma de punição física aplicada aos filhos - mesmo moderada, frisam os legisladores - , sob pena de terem de passar por programas de orientação e tratamento psicológico ou psiquiátrico. "Bom", pode pensar você, "eu acho mesmo um absurdo essa história de bater nos filhos." Também não gosto muito da idéia, embora, às vezes, aplique uma palmadinha bem dada em meu gato quando ele faz uma besteira muito grande. (Ih, será que a lei vai se estender à educação de animais também?) Mas entenda: a lei carrega consigo uma prerrogativa inaceitável, a de que o Estado sabe o que é melhor para as crianças, colocando-se acima do pai ou da mãe. Tal lei trata a nós todos, de antemão, como pais irresponsáveis ou bárbaros espancadores de filhos. Através dela o Estado se impõe como aquele tutor autoritário que não admite argumentos, mas usa da coerção jurídica para implementar o que crê como certo – impensadamente, coibindo o uso da disciplina em uma época de desregramento, de filhos naturalmente rebeldes, de endeusamento do "jovem". É uma lei inoportuna alicerçada na idéia de superioridade moral do Estado, vinda de um governo que sabemos insuportavemente corrupto e condescendente com seus erros, no limite do cinismo.

A mesma idéia de superioridade estatal sustenta a arrogância da lei que proíbe o homeschooling – a educação em casa – e prevê prisão e retirada da guarda dos filhos para quem a desobedecer. A escola no Brasil está em frangalhos: o conteúdo didático segue os ditames da modernidade relativista anticristã, do politicamente correto, do esquerdismo que exalta o comunismo e a violência política enquanto posa de bom moço. Mesmo assim, os pais que quiserem poupar seus filhos dessa avalanche de mentiras históricas e distorções mentais terão de renunciar à cidadania brasileira. O homeschooling é permitido em países como Estados Unidos, Austrália, Inglaterra, México, Japão e outros, com todo um material de qualidade em circulação para apoiar os pais na tarefa de educar os filhos, no melhor estilo de antigamente, quando eram adotados os preceptores em casa e ninguém parecia achar ruim. Já é praticamente consenso entre os cristãos evangélicos desses países – cuja educação formal tem problemas semelhantes aos nossos – que o homeschooling é a melhor opção para seus filhos. No Brasil, até a Constituição de 1967, previa-se a possibilidade de educação em casa; na última Constituição, de 1988, o direito das famílias passou a se subordinar ao Estado no que tange ao ensino dos filhos. Hoje, os pais brasileiros que pretendem fazê-lo são considerados cruéis, ditadores, usurpadores dos "direitos" da criança, portanto passíveis de severa punição. É o ranço comunista que, para estender suas garras a todos sem obstáculos, coloca pais e filhos uns contra os outros, no melhor estilo "dividir para reinar". Há quase seis décadas, o romance 1984 de George Orwell já tratava dessa estratégia, mostrando como na nova sociedade os filhos denunciavam orgulhosamente os pais que não seguissem à risca o ideário governamental. Não chegamos lá, mas estamos certamente caminhando para isso, com essas resoluções jurídicas e seus abundantes frutos de desconfiança e cisão familiar. Não se iludam: o alvo maior da implementação dessas leis é sempre a centralização cada vez mais poderosa de todos os aspectos morais e interiores do povo nas mãos de uns poucos desavairados líderes ditatoriais. É o Estado tentando nos roubar muito além dos 40% de salário, imiscuindo-se agressivamente em decisões de exclusivo foro íntimo.

Assim, pais ou aspirantes a pais, entendam de uma vez por todas o que nos está sendo dito por trás de todas essas leis: o Estado educa. À força. Se não estivéssemos tão cauterizados por um estúpido estatismo que nunca deixou de vigorar no país, isso soaria como uma palmada em todos nós – na cara.

Fonte: http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4511

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