30 julho, 2005

Escola em Casa

Escola em Casa

Chuck Offenburger

Sam e Stan Scoma representam uma tendência pequena, mas crescente, nos Estados Unidos. Eles concluíram quase todos os cursos do ensino fundamental e médio estudando em casa, assim como seus irmãos mais velhos antes deles. (Normalmente, os programas de ensino em casa são organizados pelos pais com a cooperação de autoridades dos governos estadual e local e com a ajuda de organizações nacionais como a Rede Nacional de Educação em Casa [www.nhen.org]). Ao imprimir seu próprio ritmo aos estudos, Sam e Stan dizem ter aprendido muito sobre autodisciplina e sentem que receberam uma educação excepcional. Concomitantemente, participavam de atividades esportivas, musicais e religiosas. Excelentes alunos de matemática e ciências, receberam bolsa de estudos para iniciar sua educação superior em uma faculdade comunitária, cujos cursos têm duração de dois anos, em sua cidade natal de Colúmbia, na Carolina do Sul, e estão pensando em seguir a carreira de engenharia.

O jornalista Chuck Offenburger escreve da Fazenda Simple Serenity, próxima à minúscula cidade de Cooper, em Iowa, cuja população é de 30 habitantes. Há 40 anos ele vem cobrindo a transformação do perfil dos Estados Unidos e pode ser contatado via e-mail no endereço chuck@Offenburger.com. Para mais informações sobre ensino em casa, ver a seção Recursos na Internet no fim desta publicação.

Os gêmeos Sam e Stan Scoma, que se formaram no ensino médio este ano em Colúmbia, Carolina do Sul, fizeram a maior parte de seu trabalho acadêmico em casa. Aprenderam de acordo com seu próprio ritmo: quando as coisas eram fáceis aceleravam o passo, quando eram difíceis, reduziam. Quando um tema parecia maduro para uma “discussão em sala de aula”, eles o discutiam entre si. Tiveram alguns professores incomuns, como o político local que lhes ensinou a discursar em público. E aprenderam uma ampla variedade de outros assuntos com seus pais, Steve e Sandy Scoma, e também um com o outro.

Os gêmeos Scoma foram “alunos em casa”, parte de uma tendência pequena, mas que está crescendo nos Estados Unidos, de pais que educam seus filhos em casa. Em Colúmbia, área metropolitana com 516 mil habitantes, calcula-se que a cada ano dois mil alunos estudam em casa, e cerca de 120 deles se formam no ensino médio.

O ensino em casa cresceu nos últimos 20 anos por uma série de razões. Algumas famílias optaram por ele por motivos religiosos – por exemplo, para garantir que as lições fossem condizentes com seus ensinamentos religiosos ou para ensinar ética religiosa. Outras o adotaram por acreditar que seus filhos aprenderiam mais em casa do que em uma sala de aula cheia de alunos. Outras ainda tomaram essa decisão por razões logísticas: por morarem tão longe das escolas que as viagens diárias se tornariam difíceis.

DUAS LIÇÕES ESPECIAIS

Os meninos Scoma, agora com 18 anos de idade, fazem uma retrospectiva de toda sua educação fundamental e média recebida em casa e dizem que aprenderam muito. Mas duas lições especiais se destacam: aprender a aprender e autodisciplina.

“Uma das coisas de que mais gosto sobre o ensino em casa é que você aprende a estudar sozinho”, afirmou Sam. “Você pode pedir ajuda aos seus pais se não entender alguma coisa, mas aprende a pesquisar e a encontrar as respostas por conta própria.”

Segundo Stan, a maioria dos alunos que estudam em casa passa por um estágio no qual “há uma tentação de deixar o trabalho de lado. Mas chega um ponto em que você percebe ser preciso fazer um esforço se quiser fazer sucesso na vida, caso contrário não responderá às exigências e fracassará. Aprendemos tanto sobre autodisciplina que, desde o ano passado ou retrasado, deixar de fazer o trabalho não era mais uma tentação para nós”.

Sam disse que sempre gostou da idéia de “não haver um cronograma estabelecido, a não ser que eles quisessem. Nossos pais não se importavam se quiséssemos dormir até mais tarde, desde que tivéssemos feito o trabalho”. O que sempre faziam com perfeição.

Na verdade, eles se formaram com médias 3,9 e superiores em uma escala de 4,0 pontos, acima das exigências da Associação de Ensino Independente em Casa da Carolina do Sul. Essa agência monitora e mede o progresso dos alunos educados em casa, além de emitir seus diplomas.

O nível acadêmico dos Scoma é tão alto que eles receberam bolsas integrais para seus estudos na Faculdade Técnica de Midlands, uma faculdade em Colúmbia cujos cursos têm duração de dois anos. Futuramente eles pretendem adquirir o grau de bacharel pela Universidade da Carolina do Sul.

Os dois adoram ter aulas de matemática e ciências. Sam acredita que isso pode encaminhá-lo para uma carreira nos programas espacial ou de aviação. Stan é fascinado por engenharia química e deve ingressar na área de pesquisas e desenvolvimento de medicamentos.

TOMADA DE DECISÃO

Por que a família Scoma decidiu ensinar seus filhos em casa?

Steve e Sandy Scoma moravam em Dallas, no Texas, quando seus dois filhos mais velhos, Stacy e Steve Jr., atingiram a idade escolar.

“Lá demos início à educação em casa, achando que poderíamos dar às crianças um bom ponto de partida para a escolarização antes de colocá-los na situação competitiva de uma sala de aulas”, disse Steve Sr. Na época, ele trabalhava com tecnologia da informação. Sandy ficava em casa para ensinar os filhos. Em 1990, mudaram para a Carolina do Sul e começaram a participar do desenvolvimento e da operação de um ginásio de esportes coberto. Sam e Stan trabalhavam no ginásio meio período.

“Quando nos mudamos para a Carolina do Sul, nossas razões para adotar o ensino em casa mudaram um pouco”, continuou Steve Sr., observando que as escolas públicas são no geral consideradas fracas. “Embora o distrito escolar onde morávamos tivesse escolas bastante boas, ainda assim achávamos que o desempenho das crianças na educação pública na Carolina do Sul não era competitivo com o de alunos formados em escolas de outras áreas dos Estados Unidos. Uma opção poderia ser mandá-los para escolas particulares, que têm programas acadêmicos melhores, mas não tínhamos condições financeiras para isso. Assim, preferimos continuar com o ensino em casa.”

Stacy Scoma, hoje com 26 anos de idade, e Steve Jr., com 24, depois de aprenderem em casa formaram-se pela Universidade da Carolina do Sul. Stacy é atualmente professora do jardim de infância e Steve Jr. vai trabalhar com engenharia da computação.

Uma parte importante do programa de educação em casa dos Scoma foi a participação nas atividades de sua igreja, a Assembléia de Deus Vida Cristã. Sam e Stan aprenderam muito sobre outras culturas nas viagens de trabalho, patrocinadas pela igreja, ao México, Índia, Romênia e outros países. Eles também se beneficiaram do programa extensivo de música oferecido pela igreja. Stan é um excelente pianista. Sam toca piano, violão e baixo. São membros importantes da orquestra e do coro de jovens da igreja.

Os meninos são também atletas de talento e contaram com os recursos da comunidade para participar de esportes coletivos.

PRONTOS PARA O FUTURO

Eles se dizem mais do que prontos para enfrentar o rigor da vida acadêmica na faculdade.

“Tivemos aulas de matemática e ciências avançadas com outros alunos que estudam em casa”, informou Stan. “Fizemos um bom trabalho nesses cursos e, na verdade, estou ansioso para ter mais discussões de grupo em nossas aulas na faculdade.”

Tanto Sam quanto Stan afirmam que agora é um grande momento para ser jovem. “Acho que nossa geração tem as melhores oportunidades de todos os tempos para escolher seu campo de trabalho”, disse Stan. “Há uma abundância de oportunidades. Você pode fazer praticamente qualquer coisa que deseje, e ninguém está limitado por pertencer a determinado grupo financeiro ou étnico.”

Artigo extraído do site do Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos:

Fonte: http://usinfo.state.gov/journals/itsv/0705/ijsp/offenburger.htm