Ministério da Educação é fundamental para Bolsonaro, mas ele confessou que escolheu cegamente ministro desastroso da Educação por influência de Rasputin
Julio Severo
Apesar de dizer
que o MEC é fundamental, o Presidente Jair Bolsonaro confessou à revista Veja
que a escolha do ministro da Educação Ricardo Vélez foi feita no escuro, sem
nenhuma triagem e sem nenhuma consideração técnica:
“Errei no começo quando indiquei Ricardo Vélez como
ministro. Foi uma indicação do Olavo de Carvalho? Foi, não vou negar. Ele teve
interesse, é boa pessoa. Depois liguei para ele: ‘Olavo, você conhecia o Vélez
de onde?’. ‘Ah, de publicações.’ ‘Pô, Olavo, você namorou pela internet?’ disse
a ele.”
Bolsonaro admitiu
para a revista Veja que a nomeação de Vélez foi um erro. Na verdade, foi um
fracasso monumental que poderia ter sido facilmente evitado se Bolsonaro, em
vez de fazer escolhas numa dependência cega e submissa a um homem
apelidado de “Rasputin de Bolsonaro,” tivesse aplicado em primeiro lugar
requisitos técnicos profissionais e éticos.
Quem é que
não viu que Vélez foi um fracasso? Demorou para Bolsonaro ver o que todos já
estavam vendo.
Bolsonaro
confiou, no escuro, na indicação de Olavo de Carvalho, o tal Rasputin. Por sua
vez, Rasputin se esquivou, como é seu hábito, de assumir qualquer responsabilidade
pelo fracasso, respondendo evasivamente para Bolsonaro que conheceu Vélez somente
através de publicações. Ele só assume glórias — de outros. Fracassos pessoais? Ele
não assume nenhum.
Eu também
conheço Vélez por publicações. Li posts do blog dele de anos. O que vi? Um
homem contra o PT. Mas mais que isso. Vi sem nenhuma dificuldade um homem elogiando
a esquerdista Hillary Clinton e fazendo críticas e oposição a Donald Trump.
Tais posturas
radicais não estão nas entrelinhas. Estão em vários artigos de Vélez, inclusive
bem à vista nos próprios títulos. Até um míope crônico conseguiria ler.
Até eu, que sou
um mero escritor evangélico conservador sem nenhuma pretensão de ser o maior
filósofo do Brasil, sabia que Vélez era despreparado. Em novembro de 2018, mais
de um mês antes de sua posse, alertei publicamente que Vélez não estava em
condições de ser ministro da Educação. Alertei neste artigo: “Novo
ministro da Educação: hostil ao socialismo e Trump, amistoso com Bolsonaro e
Hillary.”
Se Bolsonaro
tivesse lido o blog de Vélez, ele teria visto tudinho. Mas ele não se deu ao
trabalho de ler, e isso lhe deu imensa dor de cabeça. Confiar no escuro em
oportunistas dá dor de cabeça. Chamo Rasputin
de oportunista porque ele tem perfil semelhante ao perfil de Steve Bannon —
que poderíamos chamar de versão americana de Olavo de Carvalho —, que Trump
expulsou da Casa Branca por oportunismo.
Se Bolsonaro
tivesse lido meu blog, ele teria se poupado de muitos problemas no Ministério da
Educação. Mas ele preferiu confiar no escuro em Rasputin. E deu no que deu.
Rasputin se gaba
de ser um homem de filosofia, letras e cultura. Ele se gaba de ler muito e de
entender melhor do que todos os outros. Ele se gaba também de ver perigos antes
de qualquer um. Sendo assim, no padrão dele, se até eu, um mero leitor mortal, vi,
como é que ele não viu o Vélez claramente pró-Hillary e contra Trump? Como é
que ele não enxergou que isso era um prenúncio de fracasso e desastre — que de
fato acabaram acontecendo?
E mesmo assim
Rasputin indicou Vélez para Bolsonaro, trazendo como consequência imenso
prejuízo ao Brasil por causa da falta de responsabilidade de quem indicou e de
quem aceitou cegamente a indicação.
Para quem se
julga o mestre máximo da cultura e filosofia, a indicação fracassada dele no
Ministério da Educação é prova de que ele não entende tanto quanto alega
entender. De doutrinação, ele entende bastante. De manipulação de um presidente
e seus filhos, ele entende enormemente, pois só um presidente manipulado,
depois de ver com os próprios olhos o fracasso escancarado de Rasputin para o
Ministério da Educação, logo em seguida lhe
concede a condecoração mais elevada do governo brasileiro.
Só no Brasil desastre
e fracasso rendem condecoração. Parece que quanto maior o fracasso, maior é a
condecoração. E foi o que aconteceu no caso de Rasputin: Saiu da própria
confusão criada por ele ileso, impune e fartamente premiado.
Só um cego daria
tal condecoração. Só um manipulado faria isso. E ele fez mais que isso: para
tentar remediar o estrago da indicação de Rasputin, Bolsonaro nomeia outra
indicação de Rasputin, conforme mostrado no meu artigo “Ministro
da Educação Abraham Weintraub e seu socialismo de direita ou estatismo de
direita”. Talvez ele tenha feito isso para provar, sem a menor sombra de
dúvida, que ele
está apaixonado por Rasputin — fato plenamente observável que dispensa
atestado científico.
Tenho de
confessar que votei num cego e manipulado e agora tenho a obrigação de orar e
cobrar dele todos os dias de seu governo, até que ele consiga se libertar desse
estado deplorável de cegueira e manipulação.
Quando ele
deixar esse estado, ele vai dizer surpreso consigo mesmo:
“Confiei cegamente no cara. Nomeei o homem indicado
por ele, e foi um desastre para o Ministério da Educação, que é tão importante
para mim e para o Brasil. Foi um desastre para meu governo e para o Brasil. E
depois recompenso o desastre dando a maior condecoração para o cara responsável
por tudo isso? Meu Deus, onde é que eu estava com a cabeça para fazer isso?”
Depois desse despertamento,
ele vai fazer com Rasputin exatamente o
que Trump fez com Steve Bannon: Enxotar sua influência de seu governo e dizer a
todos que ele não passa de um oportunista.
Com informações do
Antagonista.
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