Jovens brasileiros que foram educados em casa atingem rapidamente sucesso profissional
Acusados de abandono intelectual no passado, pais colhem frutos de ensino diferenciado
Protagonistas de uma discussão que ganhou
o País, especialmente no âmbito educacional entre os anos de 2007 e 2010, dois
jovens da cidade de Timóteo, MG, que foram educados em casa colhem resultados
de um ensino diferenciado e que, agora, prova-se, derrubou paradigmas.
Hoje, com 18 e 19 anos, respectivamente,
Jônatas Andrade Amorim Nunes, e o irmão, Davi Andrade Amorim Nunes, foram
tirados da escola convencional em Timóteo, quando tinham menos de 14 anos, e
inseridos em um método de ensino em casa, adotado em diversos países, mas
estranhamente sem reconhecimento oficial no Brasil.
Davi, 19 anos e Jônatas. 18 anos, já estão vivendo o sucesso profissional |
Mas os jovens que estudam em casa não
ficam isolados do restante da sociedade. É só na hora dos estudos que cumprem
determinadas horas de estudos em casa, defendia a família, que é evangélica.
Passados cinco anos da celeuma, os
jovens autodidatas atuam no desenvolvimento de sistemas de informação. Eles
agora moram no município de Vargem Alegre e estão prestes a lançar dois
produtos no mercado. Davi tem se especializado em programação e Jônatas em
multimídia. “Ambos trabalham juntos”, explica o pai, Cléber Nunes.
A reportagem procurou pelos dois jovens
ontem, em Vargem Alegre, mas apenas Davi estava em casa. Jônatas viajava para São Paulo, para receber uma premiação, das mãos do
governador Geraldo Alckmin.
Os irmãos se inscreveram para participar
do Prêmio Mário Covas, que incentiva o desenvolvimento de inovação em gestão
estadual. Eles venceram uma categoria e
ficaram em segundo na outra. Foram desenvolvidos projetos de reestruturação do
portal Acessa SP e uma plataforma de aprendizagem online. “Jônatas foi a São
Paulo, receber a premiação em uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes”,
explica o pai.
Aplicativo
As conquistas dos jovens vão além. Davi
e Jônatas também participaram de um concurso promovido pelo portal de compras
Submarino. Sagraram-se vencedores do
Open Innovation Submarino 2012, lançado para premiar os autores das ideias mais
criativas e inovadoras.
Apesar da feroz oposição estatal, a educação em casa dos filhos de Cleber Nunes foi vitoriosa |
Entenda o caso da Família Nunes
Em 2006, insatisfeito com o rendimento
dos filhos na escola pública em que estudavam em Timóteo, mas sem recursos para
pagar uma escola particular, o pequeno empreendedor industrial e designer
Cléber Nunes, lembrou-se do homeschooling, método de ensino em casa que
conheceu quando esteve nos EUA.
Arrumou os livros necessários, tirou os
filhos da escola e os iniciou nos estudos. Além de idiomas e ciências exatas,
os adolescentes se debruçaram sobre conhecimentos de informática.
Ocorre que o Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação consideram a
instituição escolar tradicional uma obrigação da família, pelo menos até os 14
anos, no Brasil.
Denunciados por um vizinho ao Conselho
Tutelar, o caso foi levado ao Ministério Público. O pai, Cléber Andrade
Nunes, e a mãe, Bernadeth de Amorim Nunes, foram processados na Comarca de
Timóteo, cidade onde moravam até 2010.
Jurisprudência
O caso virou um debate interminável nos
tribunais em dois processos, um Cível e outro no Juizado Especial Criminal. O
Juízo da Infância e Adolescência de Timóteo, depois de acatar a denúncia do
Ministério Público no processo Cível, condenou o casal ao pagamento de multa e
a retornar com os adolescentes para a escola convencional.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais
rejeitou um recurso ingressado pela defesa do casal e manteve, em 5 de dezembro
de 2008, a decisão da primeira instância. À época, o relator do processo,
desembargador Almeida Melo, afirmou que não via razão na decisão da família. “O
ensino brasileiro equipara-se ao de países de Primeiro Mundo e havia escolas
públicas tão boas quanto as particulares. Na questão do ensino, o Brasil já
deveria ser classificado como país de Primeiro Mundo”, relatou o ufanista
desembargador.
Suplência
Para o MP e a Justiça, não bastou que a
família comprovasse que os filhos haviam absorvido amplo conhecimento com o
método de ensino em casa. Para provar essa condição, os dois adolescentes foram
submetidos a provas semelhantes às da Suplência de Ensino, pela Secretaria de
Estado de Educação, em janeiro de 2008. As
notas foram acima de 70% (Davi) e 65% (Jônatas) mesmo em disciplinas que não
constavam do cronograma do homeschooling. “O fato de serem altamente
disciplinados para a concentração permitiu que eles aprendessem rapidamente o
conteúdo das disciplinas que cairiam nas provas”, justificou o pai à época.
O caso da família Nunes foi o primeiro
que enfrentou a Justiça. Anteriormente, havia apenas o caso ocorrido em 2000,
quando houve a tentativa de uma família de Anápolis (GO), no sentido de
legalizar o ensino na modalidade homeschooling. O pedido foi negado na terceira
instância do Judiciário. Também não foi o último caso em Timóteo. Atualmente,
há denúncia semelhante contra duas famílias que adotaram o mesmo método de
ensino no município, e outros casos estão em vias de ser denunciados.
Defensores do Ensino em casa solidários ao casal
No processo Criminal em que o casal
Nunes era acusado do crime de abandono intelectual, por decidir tirar os filhos
da escola e os educar em casa, a sentença foi uma multa. O caso foi arquivado
em função da maioridade dos estudantes.
Mas tinha também o processo Cível, em
que a família foi condenada a pagar o equivalente a 12 salários mínimos (R$
7.467 em valores de hoje). “Já vasculharam nossas contas bancárias e buscaram
dados no Detran para penhorar bens. Chegaram a bloquear R$ 20 que esquecemos na
conta do Banco do Brasil.
Com uma divulgação desse desdobramento,
várias pessoas, inclusive dos EUA e da Espanha, se ofereceram para pagar a
multa para nós, mas jamais pagarei esta multa, simplesmente porque não a devo.
O site Lifesitenews divulgou bastante esta matéria, e o Onenewsnow também”,
explicou Cléber Andrade Nunes.
Fonte: Diário do Aço
Divulgação: www.juliosevero.com
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