Amadores superam profissionais
Quando amadores superam profissionais, há algo errado com determinada profissão.
Se pessoas comuns, sem nenhum treinamento médico, pudessem realizar cirurgias em suas cozinhas com faca de churrasco e conseguir resultados que fossem melhores que aqueles de cirurgiões operando em salas de cirurgias, toda a profissão médica estaria desacreditada.
É o que acontece com pais, sem nenhum treinamento em educação, que educam seus filhos em suas casas com resultados acadêmicos que são, consistentemente, melhores que os de crianças educadas por professores com mestrado e em escolas que custam mais de 10 mil dólares por ano – o que equivale a mais de um milhão de dólares para se educar 10 crianças, da primeira série do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio.
Apesar disso, continuamos a levar a sério as pretensões de educadores que fracassam em suas ações de educar, mas que se inflam com ares de “especialistas profissionais” cujo conhecimento supostamente vai muito além dos simples pais.
Um dos exemplos mais difundidos e dramáticos de amadores superando profissionais tem acontecido em economias com planejamento central feito por pessoas de alto grau de instrução, que têm a seu dispor especialistas e vasta quantidade de dados estatísticos, que não estão disponíveis a cidadãos comuns e que, provavelmente, seriam para eles incompreensíveis.
Esperava-se muito das economias com planejamento central. Seus primeiros fracassos foram postos de lado como “dores de crescimento” de “uma nova sociedade”.
Mas quando, por décadas, essas economias permaneceram muito atrás das economias de mercado, eventualmente, mesmo os governos comunistas e socialistas começaram a liberar suas economias de muitos – senão de todos – os controles governamentais criados pelo planejamento centralizado.
Quase invariavelmente, então, essas economias se deslancharam com um crescimento econômico muito maior – China e Índia sendo os exemplos mais proeminentes.
Mas observe as implicações do fracasso do planejamento central e o sucesso de deixar “o mercado” – isto é, milhões de pessoas que estão longe de serem especialistas – tomar as decisões sobre o que produzir e por quem.
Como podem pessoas com pós-graduação, pessoas protegidas pelo poder de governo e que dispõem de todo tipo de especialistas com quem contar, fracassar em fazer algo tão bem quanto a massa de pessoas que são, rotineiramente, desdenhadas pelos intelectuais?
Qual seria a razão? E, será que essa razão se aplica em outras áreas além da economia?
Uma razão facilmente compreensível é que os planejadores centrais na época da União Soviética tinham de estabelecer algo em torno de 24 milhões de preços. Ninguém é capaz de estabelecer e mudar 24 milhões de preços de um modo que equilibrará eficientemente recursos e resultados.
Para isso, cada um dos 24 milhões de preços teria de ser comparado e estabelecido levando-se em conta cada um dos outros 24 milhões de preços, para que se produzissem incentivos a fim de que os recursos se direcionassem para onde eles estivessem em maior demanda pelos produtores, e os resultados se direcionassem aonde eles estivessem em maior demanda pelos consumidores.
Numa economia de mercado, contudo, ninguém assume tal tarefa impossível. Cada produtor e cada consumidor precisam somente se preocupar com relativamente poucos preços relevantes para suas próprias decisões, pois a coordenação da economia é deixada para a oferta e procura.
Em resumo, os amadores foram capazes de superar os profissionais em economia porque não assumiram tarefas além das capacidades de qualquer ser humano ou de qualquer grupo gerenciável de seres humanos.
Expressando de outra forma, os “especialistas” detêm apenas uma pequena porção de um vasto espectro de conhecimento necessário para tratar de muitas complicações do mundo real.
Nada é mais fácil para especialistas com aquela pequena porção de conhecimento do que imaginar que eles são muito mais sábios que os outros. O planejamento central é somente o fracasso mais evidente de tal pensamento. Os desastres de outros tipos de engenharia social são frutos do mesmo problema.
Os cirurgiões têm sucesso porque eles se atêm à cirurgia. Mas, se pusessem cirurgiões no controle da especulação de mercadorias, da justiça criminal ou de ciência espacial, eles provavelmente fracassariam, como desastradamente o fizeram os planejadores centrais.
Publicado por Townhall.com
Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo
Fonte: Mídia Sem Máscara
Divulgação: www.juliosevero.com
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