Alemanha entra em choque com o papa sobre disciplina de crianças
Julio
Severo (com a Associated Press)
A Alemanha na sexta-feira (6) rejeitou como
“inaceitáveis” os comentários do papa de que é correto bater nos filhos para
discipliná-los, enquanto for mantida a dignidade deles.
Francisco fez os comentários nesta semana durante sua
audiência geral semanal, que foi dedicada ao papel dos pais na família.
Francisco resumiu as características de um bom pai: um
homem que perdoa, mas tem condições de “corrigir com firmeza” enquanto não
desanima a criança.
“Certa vez, ouvi um pai numa reunião de casais dizer
‘Às vezes tenho de dar umas palmadas em meus filhos, mas nunca na face a fim de
não humilhá-los,’” disse Francisco.
“Que bonito!” comentou Francisco. “Ele sabe o sentido
de dignidade! Ele tem de puni-los, mas faz isso com justiça e vai em frente.”
Verena Herb, porta-voz do Ministério das Famílias na
Alemanha, disse aos jornalistas na sexta que “não dá para existir palmada com
dignidade,” e comparando disciplina de crianças com violência, ela acrescentou,
“toda forma de violência contra crianças é completamente inaceitável.”
Completamente inaceitável é o que o governo alemão
faz.
Os pais alemães que dão educação escolar em casa ou
disciplinam fisicamente os filhos podem perder a guarda deles. Em contraste com
sua dureza com os pais, a Alemanha é extraordinariamente complacente com a má
conduta, nas crianças e nos adultos. Enquanto a Alemanha estava condenando o
papa por mostrar apoio à disciplina de crianças, o Comitê Judaico Americano
estava criticando um tribunal alemão por concluir que dois muçulmanos que
cometeram um ataque de bomba incendiária numa sinagoga em julho do ano passado
não eram antissemitas.
Complacência para com a conduta criminal. Crueldade
para pais que cumprem seus deveres de família. Esse é o jeito da ONU na
Alemanha.
O fato é que uma insanidade leva à outra. Na Alemanha,
castigo físico de crianças é crime. Ao que tudo indica, cometer ataque a bomba
numa sinagoga não é crime e nem mesmo antissemita na Alemanha. Os muçulmanos
terroristas que cometeram o ataque de bomba incendiária na sinagoga foram
sentenciados a realizar 200 horas de serviço comunitário.
Complacência para muçulmanos terroristas, e nenhuma
complacência para o papa e para os pais.
Não só a Alemanha tem sido dura com o Vaticano sobre
disciplina de crianças, mas a ONU também.
No ano passado, o comitê de direitos humanos da ONU
“recomendou” que a Santa Sé introduzisse uma emenda em suas próprias leis para
proibir especificamente o castigo físico de crianças, inclusive dentro da
família.
Em sua resposta escrita, o Vaticano argumentou que de
forma alguma promove castigo físico, que o termo “castigo” nem mesmo é usado no
ensino católico e que de acordo com o ensino católico, os pais “têm de ter
condições de corrigir a ação imprópria de seus filhos impondo certas
consequências razoáveis para tal conduta, levando em consideração a capacidade
da criança compreender as consequências como corretivas.”
Todas as nações que são signatárias da Convenção da
ONU sobre os Direitos das Crianças (CDC) são obrigadas a revogar suas leis que
permitem que os pais disciplinem fisicamente os filhos. Pelo fato de que o
Vaticano é um dos signatários, não se sabe se o papa conseguirá continuar
apoiando os pais e seu direito de disciplinar seus filhos.
Uns 39 países signatários da CDC proíbem o castigo
físico em todos os ambientes, inclusive pelos pais no lar. Essas nações
abrangem desde a Suécia e Alemanha até o Brasil, que proibiu a disciplina
física depois de um
acordo envolvendo o governo de Dilma Rousseff, Xuxa e a Frente Parlamentar
Evangélica no ano passado. Até a Argentina socialista, a pátria
do papa, proíbe todo castigo físico de crianças, inclusive no lar.
Nos Estados Unidos, que é a única grande nação cristã
que, por pressão de grupos evangélicos pró-família, não ratificou a CDC, os
pais podem legalmente disciplinar fisicamente os filhos enquanto a força usada
for razoável.
Com informações da Associated Press.
Versão
em inglês deste artigo: Germany Clashes with Pope over Child Discipline
Fonte:
www.juliosevero.com
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