07 fevereiro, 2015

Alemanha entra em choque com o papa sobre disciplina de crianças


Alemanha entra em choque com o papa sobre disciplina de crianças

Julio Severo (com a Associated Press)
A Alemanha na sexta-feira (6) rejeitou como “inaceitáveis” os comentários do papa de que é correto bater nos filhos para discipliná-los, enquanto for mantida a dignidade deles.
Francisco fez os comentários nesta semana durante sua audiência geral semanal, que foi dedicada ao papel dos pais na família.
Francisco resumiu as características de um bom pai: um homem que perdoa, mas tem condições de “corrigir com firmeza” enquanto não desanima a criança.
“Certa vez, ouvi um pai numa reunião de casais dizer ‘Às vezes tenho de dar umas palmadas em meus filhos, mas nunca na face a fim de não humilhá-los,’” disse Francisco.
“Que bonito!” comentou Francisco. “Ele sabe o sentido de dignidade! Ele tem de puni-los, mas faz isso com justiça e vai em frente.”
Verena Herb, porta-voz do Ministério das Famílias na Alemanha, disse aos jornalistas na sexta que “não dá para existir palmada com dignidade,” e comparando disciplina de crianças com violência, ela acrescentou, “toda forma de violência contra crianças é completamente inaceitável.”
Completamente inaceitável é o que o governo alemão faz.
Os pais alemães que dão educação escolar em casa ou disciplinam fisicamente os filhos podem perder a guarda deles. Em contraste com sua dureza com os pais, a Alemanha é extraordinariamente complacente com a má conduta, nas crianças e nos adultos. Enquanto a Alemanha estava condenando o papa por mostrar apoio à disciplina de crianças, o Comitê Judaico Americano estava criticando um tribunal alemão por concluir que dois muçulmanos que cometeram um ataque de bomba incendiária numa sinagoga em julho do ano passado não eram antissemitas.
Complacência para com a conduta criminal. Crueldade para pais que cumprem seus deveres de família. Esse é o jeito da ONU na Alemanha.
O fato é que uma insanidade leva à outra. Na Alemanha, castigo físico de crianças é crime. Ao que tudo indica, cometer ataque a bomba numa sinagoga não é crime e nem mesmo antissemita na Alemanha. Os muçulmanos terroristas que cometeram o ataque de bomba incendiária na sinagoga foram sentenciados a realizar 200 horas de serviço comunitário.
Complacência para muçulmanos terroristas, e nenhuma complacência para o papa e para os pais.
Não só a Alemanha tem sido dura com o Vaticano sobre disciplina de crianças, mas a ONU também.
No ano passado, o comitê de direitos humanos da ONU “recomendou” que a Santa Sé introduzisse uma emenda em suas próprias leis para proibir especificamente o castigo físico de crianças, inclusive dentro da família.
Em sua resposta escrita, o Vaticano argumentou que de forma alguma promove castigo físico, que o termo “castigo” nem mesmo é usado no ensino católico e que de acordo com o ensino católico, os pais “têm de ter condições de corrigir a ação imprópria de seus filhos impondo certas consequências razoáveis para tal conduta, levando em consideração a capacidade da criança compreender as consequências como corretivas.”
Todas as nações que são signatárias da Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças (CDC) são obrigadas a revogar suas leis que permitem que os pais disciplinem fisicamente os filhos. Pelo fato de que o Vaticano é um dos signatários, não se sabe se o papa conseguirá continuar apoiando os pais e seu direito de disciplinar seus filhos.
Uns 39 países signatários da CDC proíbem o castigo físico em todos os ambientes, inclusive pelos pais no lar. Essas nações abrangem desde a Suécia e Alemanha até o Brasil, que proibiu a disciplina física depois de um acordo envolvendo o governo de Dilma Rousseff, Xuxa e a Frente Parlamentar Evangélica no ano passado. Até a Argentina socialista, a pátria do papa, proíbe todo castigo físico de crianças, inclusive no lar.
Nos Estados Unidos, que é a única grande nação cristã que, por pressão de grupos evangélicos pró-família, não ratificou a CDC, os pais podem legalmente disciplinar fisicamente os filhos enquanto a força usada for razoável.
Com informações da Associated Press.
Versão em inglês deste artigo: Germany Clashes with Pope over Child Discipline
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