Suécia: um alerta contra o extremismo do Estado em suas políticas públicas para a família
5 de maio de 2011 (Notícias Pró-Família) — Para aqueles que acreditam que as políticas públicas de família na Suécia são o modelo para uma utopia social, Jonas Himmelstrand, famoso conselheiro, pesquisador e consultor empresarial sueco, diz que está pronto para “quebrar os mitos”. Longe de uma utopia, a Suécia está dominada pela alienação entre pais e filhos, uma consequência de políticas públicas de família excessivamente intrusivas que favorecem profundamente creches subsidiadas pelo Estado acima do cuidado das crianças em seus próprios lares, diz ele.
Jonas Himmelstrand |
“O quadro total é muito difícil de explicar claramente”, Himmelstrand disse para LifeSiteNews/NotíciasPró-Família, mas “o quadro se torna claro quando percebemos que a Suécia fez políticas públicas que separam as crianças de suas famílias”.
A criação de um crítico social
Himmelstrand é um experiente educador, conselheiro e escritor que tem feito apresentações e palestras desde 1981. Ele começou a se interessar por políticas públicas de família muitos anos atrás quando viu em primeira mão a discrepância entre seu país materialmente rico e a evidente incapacidade de seus cidadãos de crescer, se desenvolver e amadurecer como deveriam. Para estudar as questões de assistência social estatal e políticas públicas de família, ele fundou o Instituto Mireja.
Sua pesquisa exclusiva o levou a escrever um livro, “Following your Heart – in the social utopia of Sweden,” (Seguindo o próprio coração — na utopia social da Suécia), publicado em outubro de 2007, com uma tradução em inglês em andamento. Desde então, Himmelstrand vem tendo compromissos de palestras no Parlamento e em conferências no mundo inteiro.
Himmelstrand foi convidado para dar uma palestra na Conferência de Políticas Públicas do Instituto de Casamento e Família do Canadá em Ottawa no começo deste mês, para tratar de um debate em andamento no Canadá sobre creches nacionais subsidiadas e apoio aos pais na escolha de como cuidar dos filhos. Himmelstrand ofereceu sua pesquisa para revelar o que está dentro dessas questões e seus efeitos nas famílias.
Creches subsidiadas para bebês de 1 ano de idade
As políticas públicas de família na Suécia começam com crianças de 1 ano de idade, a maioria das quais são mandadas para creches bastante subsidiadas. Algumas crianças de escola começam programas curriculares às 7h e concluem seu dia com programas após o horário escolar, entre às 17h e 18h. A maioria dos pais e mães está na força de trabalho devido aos elevados impostos e às pressões de políticas de “igualdade de gênero” que impedem as mulheres de ficarem “trancadas em casa e na cozinha”, conforme uma expressão sueca.
“O problema central do modelo sueco”, Himmelstrand disse para LifeSiteNews/NotíciasPró-Família, “é que está financeiramente e culturalmente obrigando os pais e as mães a deixar nas creches seus filhos a partir da idade de 1 ano, quer eles achem que isso é certo ou não”.
Embora os subsídios de impostos para as creches equivalham a 20.000 dólares por crianças por ano, a maioria das regiões não tem nenhum benefício financeiro para as mães que escolhem permanecer no lar com seus filhos de 1 e 2 anos. Num país de aproximadamente 100.000 nascimentos anuais, as estatísticas mostram que das crianças suecas entre 18 meses e 5 anos de idade, 92% estão nas creches.
“Você não é forçado a fazer isso… a propaganda é uma palavra forte”, disse Himmelstrand, “mas as informações sobre os benefícios das creches” vindas dos meios de comunicação e outras fontes “fazem os pais que mantêm seus filhos em casa até os 3 ou 4 anos de idade se sentirem socialmente marginalizados”.
Além disso, Himmelstrand frisou que as pressões para que todos mandem os filhos para as creches “escondem a realidade maior” de que as mães e os pais não querem seus filhos na creche. Essas mães e pais podem “esconder seus sentimentos” e depois de matricular bebês de 1 e 2 anos de idade na creche poderão até mesmo “defender sua escolha porque é doloroso demais considerar a decisão de novo”.
Enquanto isso, os meios de comunicação e o governo glorificam o “direito” de um bebê de 1 ano de passar de 15 a 30 horas em creches por semana, até mesmo em famílias em que a mãe trabalha a partir do lar ou a mãe que trabalha fora está de licença. “Isso está acontecendo há tantas gerações que virou norma”, disse Himmelstrand.
Embora Himmelstrand e outros estejam agora fazendo o argumento de que todas as crianças são diferentes e algumas não estão prontas para a creche com a idade de 1 ano, eles continuamente se defrontam com a alegação de que os funcionários de creches são “treinados” para cuidar desses bebês de 1 e 2 anos, em contraposição aos pais, e que até mesmo crianças muito novas precisam de creches.
O resultado disso é o fato devastador de que muitos pais perderam seus “instintos de pais”. “Um estudo patrocinado pela União Europeia mostrou que muitos pais de classe média não possuem a capacidade de estabelecer limites e sentir as necessidades de seus filhos”, Himmelstrand escreveu recentemente.
Efeitos negativos da creche
Himmelstrand argumenta que embora a ciência não tenha condições de traçar a causa e efeito exatos, dá para se fazer um forte argumento de que os problemas de conduta e questões psicológicas das crianças e jovens são consequências das longas horas passadas longe dos pais no dia a dia.
Um fator que contribui pode ser que as creches idealizadas de “alta qualidade” com baixa proporção de adultos para crianças que outrora haviam tornado a Suécia famosa no mundo inteiro, realmente não existem mais no país. Onde havia 4 adultos para 10 crianças, agora os números rotineiramente são 3 adultos para 17 crianças.
No fim, disse Himmelstrand, embora admitisse que não possui dados concretos e reais para provar o que está dizendo, o ideal da creche parece incentivar a desintegração das famílias, ao passo que aqueles que resistem à tendência tendem a ter famílias mais fortes. “Aliás, eu mal conheço alguma família que tenha se divorciado”, acrescentou ele. “Se você é uma família de lar na Suécia, marido e esposa realmente têm de concordar [sobre não enviar filhos à creche]… isso torna as famílias mais fortes”.
“O erro da Suécia”, disse Himmelstrand, foi “decidir que todo o dinheiro para a assistência às crianças deveria ir somente para as creches institucionalizadas”.
As famílias só querem escolha
Hoje na Suécia há um movimento pequeno, mas crescente, de pais e mães que experimentaram a creche nas famílias em que foram criados, e eles não querem isso para suas próprias famílias. “Esses pais querem que haja disponibilidade de escolha para que pais possam ter o direito de escolher cuidar de seus filhos no próprio lar. Eles também querem que o Estado reconheça que essa é uma escolha válida”, disse Himmelstrand.
Embora Himmelstrand confesse que é pessoalmente a favor de cuidar de crianças em casa, ele sustenta que os países deveriam apoiar a decisão dos pais como a melhor decisão, não importa o que os pais decidam.
“É uma ideia boa sustentar a assistência às crianças enquanto se sustenta todas as formas de cuidado de crianças com justiça. Mas se o Estado vai apoiar somente a creche, então o Estado cria um problema. Isso você vê a partir do que acontece na Suécia”.
Himmelstrand acredita que, se puderem decidir sozinhos, sem pressões externas, a maioria dos pais seria influenciada pelos instintos paternais a escolher cuidar de seus filhos em casa pelo menos enquanto eles tivessem 1 e 2 anos de idade.
“O que vejo como perigo real é quando os políticos matam a opção de cuidar dos filhos em casa, pois algo está sendo destruído aí”.
Essas famílias que rejeitaram a norma no que se refere à creche “percebem que ‘criamos algo maravilhoso’”, disse Himmelstrand. “Eles estão redescobrindo suas famílias… e veem seus papéis como pais e mães às vezes tão mais empolgantes do que um emprego”.
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Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesitenews.com/news/sweden-a-warning-against-overzealous-state-family-policies
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