Os tentáculos da doutrinação ideológica de Olavo de Carvalho sobre 57 milhões de crianças e jovens nas escolas do Brasil
Julio Severo
Considerado
uma espécie de Rasputin
na família Bolsonaro, Olavo de Carvalho conseguiu que seus adeptos
fossem nomeados para os cargos mais importantes do governo do Presidente Jair
Bolsonaro. Enquanto o Pr. Silas Malafaia havia recomendado Guilherme Schelb
para o Ministério da Educação (MEC), sua recomendação virou pó diante da
influência de Carvalho, que indicou seu adepto Ricardo Vélez. Além desse
olavete, dois outros olavetes, Carlos Nadalim e Murilo Resende, foram
escolhidos respectivamente para a Secretaria Especial da Alfabetização e a
direção da Avaliação da Educação Básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
O fanatismo
se apossou de tal forma do MEC que até apoiadores de Bolsonaro que não idolatram
Carvalho foram, de acordo
com o UOL, removidos de cargos de liderança do MEC. É a limpeza ideológica
em prol do pensamento único do olavismo.
A doutrinação
ideológica de Carvalho deve influenciar o MEC nos próximos quatro anos, desde a
alfabetização até o ensino superior, cujo impacto fatalmente atingirá os cerca
de 48,6 milhões de estudantes matriculados nas escolas da educação básica e
sobre os pouco mais de 8,3 milhões de alunos do ensino superior (segundo o
último Censo Escolar, de 2017).
A doutrinação
ideológica dele abarca desde luta contra o marxismo até uma estranha luta
contra o que ele
chama de “mito,” “lenda” e “mentira” da Inquisição. A Inquisição e o
Holocausto torturavam e matavam preferencialmente judeus, mas
revisionistas amenizam seus crimes. Carvalho é o maior revisionista
brasileiro da Inquisição, indo de encontro a um fato atestado pela vasta
maioria dos historiadores judeus.
Se Carvalho
visitasse Israel e proclamasse que a Inquisição é mentira, os judeus o veriam
como um louco não diferente dos loucos que minimizam os crimes do Holocausto.
A Inquisição,
que também matava evangélicos, chegou a torturar e matar muitos judeus no
Brasil. Há até um Museu da Inquisição em Belo Horizonte que documenta os
horrores da Inquisição.
Movidos por
esforços de historiadores judeus e evangélicos, os Estados Unidos, onde
Carvalho vive autoexilado como imigrante desde 2005, se
tornou o país que mais investiu em campanhas de informação para combater a
propaganda desinformatória de militantes da Inquisição.
Com um
desinformante da Inquisição dominando o MEC, o que é que vai prevalecer agora? O
ponto-de-vista americano, que é predominantemente anti-Inquisição? O
ponto-de-vista das vítimas judias e evangélicas da Inquisição? Ou a doutrinação
e analfabetismo moral e histórico dos revisionistas desinformantes, que é
exatamente o grupo em que estão Carvalho e seus adeptos?
Você pode ler
mais sobre a Inquisição no meu artigo: “Aborto,
Inquisição e revisionismo na Enciclopédia Britânica.”
Ignorando a
gravidade do assunto da Inquisição, Bolsonaro e seus filhos acreditam que a
influência ideológica de Carvalho é necessária para destruir a influência ideológica
de Paulo Freire (1921-1997) na educação brasileira. Mas poucos sabem que o
famoso método Paulo Freire foi construído com o mesmo ingrediente básico que o
método Olavo de Carvalho vem sendo construído: oportunismo às custas do
evangélicos.
De acordo com
a BBC de Londres: “A influência de Olavo na montagem do governo supera a da
bancada evangélica, cujo eleitorado foi crucial na vitória de Bolsonaro, mas
recebeu um único ministério (Mulher, Família e Direitos Humanos).” Imparcialmente,
a BBC acabou reconhecendo que os evangélicos deram a vitória a Bolsonaro, que
em retribuição e “gratidão” deu tudo para o astrólogo Olavo e seus adeptos.
Isso se chama oportunismo.
Não diferente
do oportunismo de Paulo Freire. De acordo com o Dr. David Gueiros Vieira, o
Método Paulo Freire nada mais é do que uma cópia pirata pervertida do Método
Laubach.
Em matéria no
site do Escola Sem Partido intitulada “Método
Paulo Freire ou Método Laubach?” Vieira explicou que o Método
Laubach foi criado pelo missionário evangélico americano Frank Charles Laubach
(1884–1970) para ajudar populações analfabetas do Terceiro Mundo a lerem a
Bíblia.
Em 1915,
Frank Laubach fora enviado por uma missão evangélica à ilha de Mindanao, nas
Filipinas, que estava então sob o domínio americano — desde que os EUA derrotaram
a Espanha numa guerra. A dominação católica espanhola deixara à população
filipina uma herança de analfabetismo total e ódio aos americanos. Laubach usou
seu método para ensinar os filipinos a ler a Bíblia.
Depois de
1915, o Método Laubach foi utilizado com grande sucesso em toda a Ásia e em várias
partes da América Latina, durante quase todo o século XX.
Vieira disse:
No Brasil, este foi introduzido pelo próprio Laubach,
em 1943, a pedido do governo brasileiro. Naquele ano, esse educador veio ao
Brasil a fim de explicar sua metodologia, como já fizera em vários outros
países latino-americanos.
Lembro-me bem dessa visita, pois, ainda que fosse
muito jovem, cursando o terceiro ano ginasial, todos nós estudantes sabíamos
que o analfabetismo no Brasil ainda beirava a casa dos 76% — o que muito nos
envergonhava — e que este era o maior empecilho ao desenvolvimento do país.
A visita de Laubach a Pernambuco causou grande
repercussão nos meios estudantis. Ele ministrou inúmeras palestras nas escolas
e faculdades.
Houve também farta distribuição de cartilhas do Método
Laubach, em espanhol, pois a versão portuguesa ainda não estava pronta. Nessa
época, a revista Seleções do Readers Digest publicou um artigo sobre Laubach e
seu método — muito lido e comentado por todos os brasileiros de então, que, em
virtude da guerra, tinham aquela revista como único contato literário com o
mundo exterior.
Na mesma época, subitamente, começaram a aparecer em
Pernambuco cartilhas semelhantes às de Laubach, porém com teor filosófico
totalmente diferente. As de Laubach, de cunho evangélico, davam ênfase à
cidadania, à paz social, à ética pessoal, ao Cristianismo e à existência de
Deus. As novas cartilhas, utilizando idêntica metodologia, davam ênfase à luta
de classes, à propaganda da teoria marxista, ao ateísmo e a conscientização das
massas à sua “condição de oprimidas”. O autor dessas outras cartilhas era Paulo
Freire, que emprestou seu nome à essa “nova metodologia” — da utilização de
retratos e palavras na alfabetização de adultos — como se a mesma fosse da sua
autoria.
A verdade
então é que a luta de um missionário evangélico americano para alfabetizar a
população brasileira para o Evangelho foi pirateada e corrompida por Paulo
Freire em prol da propaganda do marxismo. Isso se chama oportunismo.
Se foi
péssimo o oportunismo de Paulo Freire às custas de um evangélico americano, o
que poderia resultar do oportunismo de Olavo de Carvalho às custas da vitória
que os evangélicos deram a Bolsonaro? Que tipo de educação a doutrinação
ideológica dele poderia trazer para crianças?
Um bom jeito
de avaliar a capacidade educativa dele é ver os frutos dessa educação na vida
dos próprios filhos dele. Dois filhos dele são muçulmanos. Outra filha fora
forçada, quando era menor de idade, a casar com um muçulmano numa mesquita. O
próprio Carvalho recebeu prêmio da ditadura islâmica da Arábia Saudita por uma
biografia de Maomé que ele escreveu.
O histórico
de Carvalho é saturado de esoterismo, astrologia e islamismo esotérico. Mesmo
hoje, ele continua com fortíssimas ligações esotéricas. Nenhum filósofo de
renome dos EUA elogia e recomenda Carvalho, mas Wolfgang Smith, esotérico americano
adepto do bruxo islâmico René Guénon, tem elogiado e recomendado Carvalho e
vice-versa. Esotérico sempre elogia esotérico. Se tudo isso é confuso para o
público, o que dizer de seus próprios filhos? Como eles poderiam ficar menos
confusos?
Um dos filhos
de Carvalho, num post de 12 de outubro de 2018, fez algo certo pelos motivos
errados. Luiz Gonzaga de Carvalho Filho, autodenominado professor que dá aulas
de astrologia e esoterismo, disse:
“Agora se você quer poder ter liberdade real para
criar instituições culturais islâmicas independentes ou para fazer
homeschooling islâmico para seus filhos e ter uma verdadeira independência
cultural e religiosa em relação ao governo, vote em Bolsonaro.”
Eu votei em
Bolsonaro, como milhões de evangélicos. Mas não votei nele para que seu governo
fosse tomado de adeptos de um esotérico cujos filhos confusos vivem e pregam o
islamismo e o esoterismo.
Os filhos
muçulmanos de Carvalho e sua revisionismo louco da Inquisição não impediram que
o Presidente Bolsonaro desse a ele um amplo poder de influência ideológica no
MÈC nos próximos quatro anos. Dos Estados Unidos — de onde Carvalho não
saiu nem para comparecer à posse de Bolsonaro —, o astrólogo indicou três nomes
para o MEC, inclusive o ministro Ricardo Vélez. No discurso de posse, Vélez disse
que sua gestão se inspirará em Carvalho, como se fosse novidade um olavete não
fazer propaganda de Carvalho. Você pode ler mais sobre ele aqui: “Novo
ministro da Educação: hostil ao socialismo e Trump, amistoso com Bolsonaro e
Hillary.”
Não sem
razão, Olavo de Carvalho diz que a esquerda exerce o controle do ensino
brasileiro. Mas agora ele quer, com a cumplicidade de Bolsonaro e seus filhos, substituir
esse controle ideológico por seu próprio controle ideológico, que foi tão
desastroso na vida de seus próprios filhos, que se tornaram muçulmanos e
astrólogos. É o Brasil trocando um buraco de doutrinação ideológica por outro
buraco de doutrinação ideológica.
Coincidência
ou não, Trump enfrentou o mesmo desafio que Bolsonaro está enfrentando. Havia
um oportunista que queria encher o governo americano com oportunistas. Mas Trump
acabou enxotando-o da Casa Branca. O nome do oportunista é Steve Bannon,
adepto do bruxo islâmico René Guénon, o mesmo bruxo seguido e recomendado por
Carvalho.
Coincidência
ou não, Eduardo
Bolsonaro vem se encontrando tanto com Bannon quanto com Carvalho. Se a
família Bolsonaro imitasse Trump, evitaria os oportunistas, em vez de promovê-los,
principalmente às custas dos evangélicos que elegeram Bolsonaro. Se até Trump
conseguiu enxotar o adepto americano de Guénon, por que é que Bolsonaro prefere
idolatrar o adepto brasileiro de Guénon?
Por vontade
de socialistas, o oportunista Paulo Freire se tornou ídolo na educação
brasileira. Agora, por vontade da família Bolsonaro, o astrólogo oportunista,
que é o maior adepto e propagandista brasileiro de Guénon, se tornou ídolo na
educação brasileira.
Havia um
ídolo no governo de Nabucodonosor, e todos os ministros se prostravam a ele,
mas Sadraque, Mesaque e Abednego não se prostraram, porque eles amavam mais a
Deus do que os ídolos dos homens. Sadraque, Mesaque e Abednego jamais se
prostrariam a nenhum ídolo do governo Lula ou do governo Bolsonaro.
Se a
doutrinação ideológica de Carvalho trouxe confusão para seus próprios filhos,
que se tornaram muçulmanos e astrólogos, poderia gerar miraculosamente
conservadorismo através do MEC? O próprio Carvalho, que fala mais que a boca, disse:
“Já decidi: quem quer veja na política conservadora a
finalidade e essência dos meus escritos é uma besta quadrada, um filho da puta
e um bosta em toda a linha.”
Não fique surpreso,
pois, se o MEC sob controle de olavetes que estão sob controle de Carvalho promover
um suposto “conservadorismo” que no final gerará confusão para milhões de crianças.
Esse “conservadorismo” não está centrado em Jesus Cristo e no Evangelho, mas
num homem extremamente confuso e contraditório que tem uma boca que fede mais
que latrina.
Numa coisa
Laubach estava absolutamente certo: As pessoas precisam aprender a ler e
escrever para conhecerem melhor a Bíblia e seu Autor. Só assim elas conseguirão
se ver livres de doutrinações, analfabetismos e idolatrias ideológicas — de
qualquer fonte e abismo de onde venham.
Com informações do jornal El
País.
Fonte: www.juliosevero.com
Leitura
recomendada sobre governo Bolsonaro:
Evangélicos
do Brasil dizem que candidato presidencial de extrema direita é resposta às
suas orações
Leitura recomendada sobre o astrólogo Olavo de
Carvalho:
Leitura recomendada sobre olavetes:
Nenhum comentário:
Postar um comentário