25 outubro, 2017

Aniversário de 500 anos da Reforma protestante: Recordando a contribuição de Martinho Lutero na esfera da alfabetização


Aniversário de 500 anos da Reforma protestante: Recordando a contribuição de Martinho Lutero na esfera da alfabetização

Richard Gunderman
Este ano marca o aniversário de 500 anos das famosas 95 Teses de Martinho Lutero, as quais ajudaram a desencadear a fundação da Reforma e a divisão da Cristandade em protestantismo e catolicismo.
As 95 Teses criticavam a venda de indulgências da Igreja Católica, as quais Lutero considerava como uma forma de corrupção. Na época de Lutero, as indulgências haviam evoluído para pagamentos que, segundo se dizia, reduziriam castigos por pecados. Lutero cria que tais práticas só interferiam no arrependimento genuíno e desestimulavam as pessoas de darem ajuda para os pobres. Uma das contribuições teológicas mais importantes de Lutero foi o “sacerdócio de todos os crentes,” o qual indicava que o povo comum possuía tanta dignidade quanto os líderes religiosos.
Menos conhecido é o papel crucial que Lutero desempenhou defendendo a ideia de que as pessoas comuns lessem bastante e de forma satisfatória. Diferente do papado e seus defensores, que estavam produzindo escritos somente em latim, Lutero alcançou os alemães em sua língua materna, aumentando consideravelmente a acessibilidade de suas ideias escritas.
Em minhas aulas de filantropia, o esforço de Lutero para promover a alfabetização é um dos acontecimentos históricos que muitas vezes discuto com meus estudantes.

Anos iniciais

Nascido na Alemanha em 1483, Lutero seguiu os desejos de seu pai de estudar direito. Certa vez, ao ser pego numa terrível tempestade com trovões, ele fez a promessa de que se fosse salvo, se tornaria monge.
De fato, Lutero posteriormente se juntou à austera ordem agostiniana, e se tornou padre e doutor em teologia. Mais tarde ele foi tendo objeções a muitas práticas da Igreja Católica. Ele protestou contra a promoção das indulgências, a compra e venda de privilégios eclesiásticos, e o acúmulo de riquezas consideráveis por parte da Igreja Católica enquanto os camponeses mal tinham com que sobreviver. A lenda diz que em 31 de outubro de 1517, Lutero fixou suas 95 Teses na porta da igreja em Wittenberg, a cidade em que ele tinha sua base.
Ele foi marcado como criminoso por recusar se retratar de seus ensinos. Em 1521, o Papa Leão X excomungou Lutero da Igreja Católica. Seu protetor, Frederico da Saxônia, salvou Lutero de represálias adicionais e o levou em segredo a um castelo, onde ele permaneceu por dois anos.
Foi durante esse tempo que Lutero produziu uma tradução imensamente influente do Novo Testamento em alemão.

Impacto do que Lutero escrevia

A introdução inicial da imprensa de Gutenberg em 1439 possibilitou a disseminação rápida das obras de Lutero em boa parte da Europa, e seu impacto foi inacreditável.
A coleção de obras de Lutero se estende a 55 volumes. Estima-se que entre 1520 e 1526, umas 1.700 edições das obras de Lutero foram impressas. Dos seis a sete milhões de panfletos impressos durante aquele tempo, mais de 25 por cento eram as obras de Lutero, muitas das quais desempenharam um papel vital no avanço da Reforma.
Graças à tradução da Bíblia que Lutero fez, tornou-se possível para as pessoas de fala alemã pararem de depender das autoridades católicas e em vez disso lerem a Bíblia por si mesmas.
Lutero argumentou que as pessoas comuns não só tinham a capacidade de interpretar a Bíblia por si mesmas, mas que ao fazerem isso elas tinham a melhor chance de ouvir a palavra de Deus. Ele escreveu:
“Deixem que as pessoas que querem ouvir Deus falar leiam a Bíblia.”
A Bíblia de Lutero ajudou a formar um dialeto alemão comum. Antes de Lutero, pessoas de diferentes regiões da atual Alemanha muitas vezes experimentavam grande dificuldade de entender umas às outras. A tradução da Bíblia que Lutero fez promoveu um único idioma alemão, ajudando a unir o povo em torno de uma língua comum.

Expandindo a alfabetização

Essa perspectiva, junto com a disponibilidade ampla da Bíblia, mudou a responsabilidade pela interpretação da Bíblia dos líderes para o povo comum. Lutero queria que as pessoas comuns assumissem mais responsabilidade por ler a Bíblia.
Ao promover esse ponto de vista, Lutero ajudou a fornecer um dos argumentos mais eficazes para a alfabetização universal na história da civilização ocidental.
Numa época em que a maioria das pessoas trabalhava na lavoura, ler não era necessário para manter um meio de sustento de vida. Mas Lutero queria remover a barreira de linguagem de modo que as pessoas pudessem ler a Bíblia sem impedimento. Seu raciocínio para querer que as pessoas aprendessem a ler e lessem regularmente estava, a partir de seu ponto de vista, entre os mais fortes imagináveis — quer ler por si mesmos aproximaria os leitores de Deus.
Durante grande parte da vida de Lutero, sua produção estupenda em obras teológicas só foi superada por seus comentários da Bíblia. Ele acreditava que nada poderia substituir encontros diretos e contínuos com a Bíblia, que ele defendia e ajudou a formar por meio de seus comentários detalhados.

Lendo para interpretar a verdade

Lutero tinha muitas razões para favorecer a disseminação da alfabetização. Ele era professor universitário. Suas 95 Teses tinham a intenção de provocar um debate acadêmico. Seus ensinos e conhecimento acadêmico desempenharam um papel crucial no desenvolvimento de sua teologia. Finalmente, ele reconheceu o papel crucial que os estudantes desempenhariam no avanço de seu movimento.
De forma tão poderosa a influência de Lutero reverberou durante séculos que, durante uma visita à Alemanha em 1934, o Rev. Michael King Sr. escolheu mudar seu nome e o nome de seu filho para Martin Luther King. Martin Luther King Jr., homônimo do grande reformador alemão, faria pleno uso do poder da liberdade de expressão para acelerar o movimento de direitos civis nos Estados Unidos.
Ao postar suas 95 Teses, Lutero estava incentivando uma troca forte de ideias. A melhor comunidade não é aquela que suprime a divergência, mas aquela que por meio de argumentação desafia as ideias que acha desagradáveis. Em grande parte, é por causa dessa razão que os fundadores dos Estados Unidos levaram tão a sério a liberdade de religião, associação livre e a proteção de uma imprensa livre.
Lutero confiava nas pessoas comuns para discernirem a verdade. Tudo o que elas precisavam era da oportunidade de interpretarem por si mesmas o que liam.
Traduzido por Julio Severo do original em inglês do site The Conversation: On the Reformation’s 500th anniversary, remembering Martin Luther’s contribution to literacy
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09 maio, 2017

O homeschooling está crescendo rapidamente — na Rússia!


O homeschooling está crescendo rapidamente — na Rússia!

Bob Unruh
O homeschooling (educação escolar em casa), proibido na Rússia em grande parte do século passado, está começando a crescer rapidamente, de acordo com um especialista americano de homeschooling.
“O homeschooling na Rússia obteve reconhecimento tanto dos meios de comunicação quanto da sociedade em geral,” disse Mike Donnelly, diretor de difusão mundial da Associação de Defesa Legal da Educação Escolar em Casa. “Parte disso é resultado de seu crescimento até agora.”
Donnelly, que recentemente esteve numa conferência na cidade russa de São Petersburgo, disse que os apoiadores russos do homeschooling expressaram “otimismo genuíno pelo futuro” e “confiança em seus planos de alcançar crescimento considerável.”
Sua organização, que é a primeira a defender legalmente o homeschooling no mundo inteiro, luta pelos direitos dos pais ensinar seus filhos, muitas vezes uma parte integral de acordos e tratados internacionais.
E embora grandes conflitos continuem na Alemanha, na Suécia e nos Estados Unidos em anos recentes, na Rússia o movimento de homeschooling está amadurecendo, ele informou.
Um de seus encontros foi com Pavel Parfentiev, o presidente da diretoria de Za Prava Sem’i, uma organização de direitos da família.
“Realmente creio que a educação em casa tem um grande futuro na Rússia,” ele disse, de acordo com Donnelly.
“A lei russa especificamente declara que os pais são os educadores principais de seus filhos,” disse Parfentiev.
O movimento na Rússia, ainda “em seus primeiros dias,” tem obstáculos, inclusive exigências de currículo nacional que os pais estão trabalhando para remover.
Donnelly informou: “Líderes de homeschooling estimam que há entre 50.000 e 100.000 crianças russas sendo educadas em casa. Embora essa faixa esteja bem abaixo do 0,5 por cento da população em idade escolar (em comparação, estimativas colocam a comunidade crescente de homeschooling nos EUA perto de 4 por cento da população em idade escolar), coloca a Rússia em segundo lugar, depois do Reino Unido, entre os países europeus.”
Parfentiev disse: “A maioria das pessoas realmente respeita essa educação como uma opção educacional normal e boa para os pais.”
Donnelly disse que a força do movimento crescente foi evidenciada por uma mãe de nome Victoria, que com seu marido Boris está examinando as opções de homeschooling, ainda que seu filho mais velho não tenha ainda 4 anos.
Traduzida por Boris, Victoria disse: “Entendo que as crianças tenham sido dadas a mim por Deus, mas por muito pouco tempo.”
E educá-las?
“Entendo que essa é minha tarefa, e não a tarefa de professores por aí. Estou ficando mais e mais convencida de que esse é o jeito certo.”
Donnelly disse que ele não é o único que está vendo esperança nos pais russos que educam em casa.
Ele estava acompanhado, na conferência de São Petersburgo, de Gerald Huebner, diretor da filial canadense da Defesa Legal da Educação Escolar em Casa.
“No final, Gerald disse: ‘É como uma conferência normal no Canadá ou nos Estados Unidos. Pessoas do Canadá ou de qualquer estado dos Estados Unidos se sentiriam à vontade aqui na Rússia,’” disse Donnelly.
Traduzido por Julio Severo do original em inglês do WND (WorldNetDaily): Homeschooling now booming – in Russia!
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